top of page

>

Uma proposta para o reencantamento
Uma proposta para o reencantamento

Uma proposta para o reencantamento

Óleo e acrílica s/ tela

200 x 600cm

2022

Glossário

uma-proposta-para-o-reencantamento.jpg

1

2

3

9

4

5

6

10

7

11

8

Âncora 1

1. Nise da Silveira (1905 – 1999) foi uma médica psiquiatra brasileira. Reconhecida mundialmente por sua contribuição à psiquiatria, revolucionou o tratamento mental no Brasil. Dedicou sua vida ao trabalho com doentes mentais, manifestando-se radicalmente contra os agressivos tratamentos de sua época, como o confinamento em hospitais psiquiátricos, eletrochoque, insulinoterapia e lobotomia. Em 1952, ela fundou o Museu de Imagens do Inconsciente, um centro de estudo e pesquisa destinado à preservação dos trabalhos produzidos na instituição, valorizando-os como documentos que abriam novas possibilidades de compreensão da realidade através da expressão simbólica e da criatividade.


2. Heleny Telles Ferreira Guariba (1941 – 1971), foi uma professora de teatro, dramaturga e guerrilheira brasileira. Em 1965 recebeu uma bolsa de estudos do Consulado da França, em São Paulo, especializando-se na Europa, onde ficou com o marido até 1967. Fez inúmeros cursos, inclusive em Berlim, onde estudou a arte de Bertolt Brecht e estagiou como assistente de direção. Após retornar ao Brasil no ano seguinte, fundou um grupo de teatro em Santo André, SP. Em 1969 começou a militar com o codinome Lucy, na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), foi presa no Rio de Janeiro em 1971, junto com o guerrilheiro que voltava de Cuba, Paulo de Tarso Celestino, dirigente da Ação Libertadora Nacional (ANL). Esteve presa em Petrópolis, na chamada Casa da Morte, sendo torturada por três meses antes de ser executada.


3. Helenira Rezende de Souza Nazareth (1944 – 1972), codinome: Fátima, foi uma guerrilheira brasileira, militante do Partido Comunista do Brasil (PC do B) e integrante da Guerrilha do Araguaia. Foi líder estudantil vice-presidente da UNE, conhecida como "Preta" pelos colegas de militância e da universidade, reconhecida por sua capacidade como oradora, cursou Letras e Filosofia na USP, em São Paulo. Helenira fazia parte de um grupo emboscado por fuzileiros navais em 1972. Ferida no tiroteio e metralhada nas pernas, recusou-se a entregar a localização dos companheiros aos militares e foi torturada e morta a golpes de baioneta. No ano de 2012, a Associação de Pós-graduandos da Universidade de São Paulo, no campus capital, decidiu prestar-lhe homenagem, passando a se denominar APG Helenira 'Preta' Resende – USP/capital.


4. Dolores Cacuango Quilo (1881 – 1971) conhecida como “mamá Dolores” foi uma ativista equatoriana, pioneira no campo da luta pelos direitos dos indígenas e camponeses em seu país. Dolores militou juntos os ministros da educação, em 1944, culminando com a criação da primeira Federação Equatoriana dos Índios (FEI), com o apoio do Partido Comunista do Equador, que levou à abertura de quatro escolas em zonas rurais, todas bilíngues, ensinando língua quíchua e espanhol. As escolas foram fechadas pela Junta Militar em 1963, por serem consideradas foco de comunismo. Seu trabalho foi internacionalmente reconhecido, tendo sido tema de uma exposição na sede da UNESCO (2013), em homenagem do Dia Internacional da Mulher.

5. Lúcia Maria de Souza (1944 – 1973) foi uma guerrilheira brasileira, integrante da Guerrilha do Araguaia. Conhecida no Araguaia como "Sônia", foi emboscada por uma patrulha do exército em 24 de outubro de 1973, durante a Operação Marajoara, a terceira e definitiva ofensiva militar contra os guerrilheiros. Rendida pela patrulha militar, correu para pegar a arma deixada no chão e foi ferida, os militares acercaram-se da guerrilheira ferida, sem se aperceberem que ela havia caído em cima de seu revólver. Perguntada qual era seu nome, deu a resposta que a tornou célebre. Foi metralhada em seguida. Seu corpo foi deixado insepulto na mata e nunca foi encontrado. É dada como desaparecida política.


6. Margarida Maria Alves (1933 – 1983) foi uma defensora dos direitos humanos brasileira. Foi uma das primeiras mulheres a exercer um cargo de direção sindical no país, tornando-se Presidenta do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba em 1973. Durante o período em que esteve à frente do sindicato local de sua cidade, foi responsável por mais de cem ações trabalhistas na justiça do trabalho regional, tendo sido a primeira mulher a lutar pelos direitos trabalhistas no estado da Paraíba durante a ditadura militar. Foi assassinada no dia 12 de agosto de 1983, na época com 50 anos, com um tiro de espingarda calibre 12, no rosto, na frente de sua casa, em Alagoa Grande, Paraíba (PB), foi alvejada enquanto seu marido a acompanhava e seu filho de 8 anos brincava na calçada.

A casa simples em que ela morava foi comprada pela Prefeitura Municipal de Alagoa Grande e virou museu em 26 de agosto de 2001.Na fachada do local está escrita: “Da luta não fujo. É melhor morrer na luta do que morrer de fome", sua famosa frase que virou símbolo da luta sindical no Brasil.


7. Marielle Francisco da Silva (1979 – 2018) foi uma socióloga e política brasileira. Filiada ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), elegeu-se vereadora do Rio de Janeiro para a Legislatura 2017-2020, durante a eleição municipal de 2016, quando obteve a quinta maior votação. Defendeu uma dissertação de mestrado em administração pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF), intitulada "UPP - A redução da favela a três letras: uma análise da política de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro". Era crítica da intervenção federal, assim como criticava e denunciava constantemente abusos policiais e violações aos direitos humanos. Em 14 de março de 2018, foi assassinada com três tiros na cabeça e um no pescoço. O assassinato dela motivou reações nacionais e internacionais, como a organização de diversos protestos em todo o território brasileiro. De acordo com a Human Rights Watch, o assassinato dela relacionou-se à "impunidade existente no Rio de Janeiro" e ao "sistema de segurança falido" do Estado.


8. Dilma Vana Rousseff (1947) é uma economista e política brasileira, filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT) e 36a Presidente do Brasil. Logo após o Golpe Militar de 1964, tornou-se membro do Comando de Libertação Nacional (COLINA) e, posteriormente, da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares) — ambas as organizações defendiam a luta armada contra a ditadura militar. Presa entre 1970 e 1972, primeiramente pelos militares da Operação Bandeirante (OBAN), pelos quais foi torturada, e, posteriormente, pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). Em 2010 tornou-se a primeira mulher a ser eleita para o mais alto cargo, o de chefe de Estado e chefe de governo, em toda a história do Brasil e em 2014 foi reeleita. No dia 31 de agosto de 2016, com 61 votos favoráveis e 20 contrários, o Senado Federal aprovou o pedido de impeachment e afastou definitivamente a presidente do cargo.


9, 10 e 11. As três figuras ainda não reveladas, fazem de sua presença um mistério, podendo representar memórias, narrativas e contornos impossíveis de serem refigurados, mas que tomam corpo nesta reunião em prol da articulação mágica por um futuro melhor. Todas realizam assim uma proposta para o reencantamento de um mundo embebido no apagamento sistemático das perspectivas que buscam ultrapassar os ideais de modernização, marcados pela exclusão e violência.

Glossário elaborado por Aldones Nino

Curador de Collegium (Arévalo, Espanha) e Assessor

de Pesquisa e Projetos Curatoriais do Instituto Inclusartiz

(Rio de Janeiro, Brasil).

Âncora 2
Âncora 3
Âncora 4
Âncora 5
Âncora 6
Âncora 7
Âncora 8
Âncora 9
bottom of page